domingo, 25 de março de 2007

MARANHÃO DO SUL ou o quê ?

O nome MARANHÃO DO SUL, dos projetos correntes no Congresso, foi usado pela primeira vez em 11 de março de 1987, dia em que o falecido deputado Davi Alves Silva apresentou projeto de desmembramento do Maranhão na Constituinte.

Desde então o nome MARANHÃO DO SUL pegou como rastilho de pólvora no meio do povão.

Há quem insista ainda em propor um outro nome para o novo estado. O blog da AIL se dispõe a comentar esse tema entre os acadêmicos em postagens diretas ou comentários também abertos a qualquer pessoa.

Abaixo, comentários do acadêmico e professor José Geraldo, uma cabeça privilegiada sempre repleta de imaginação super criativa. Também um pequeno comentário do também acadêmico e jornalista Jurivê de Macedo sobre o tema.

Voltarei, em nova postagem, ao tema do nome MARANHÃO DO SUL e sobre as razões pelas quais foi adotado.

Do Geraldo recebi:
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Todos nós vivemos e trabalhamos por um NOVO estado, com um NOVO nome...

É claro que o espaço internautico (?) – em especial, os ditos blogs – não expressarão todo o universo que deveria ser necessariamente consultado... para que a campanha – e o desmembramento territorial – possam levar a uma resultante de um processo anunciado como democrático. Mesmo assim, já o será MUITO MAIS do que vem sendo.

No plebiscito, por exemplo – e isto deve ser honestamente encarado (não marotamente!) – a pergunta não deveria ser “Você concorda com a criação do Maranhão do Sul” ... Isso seria claramente uma falsa consulta (ou desonesta!) Porque é uma pura indução (como que pedindo endosso para apenas uma opção... forçando uma resposta: ao dizer “sim”, estará o eleitor não apenas concordando com o desmembramento territorial, mas também com o nome imposto)
Honestamente – aliás: para ser tecnicamente correta a pesquisa... – deveria haver DUAS perguntas:
o Uma, perguntando se concorda com o desmembramento territorial
o Outra, perguntando sobre a denominação para a nova unidade; neste caso, podendo haver algumas sugestões (no plural...); incluindo a atualmente em curso... Mesmo assim, deixando espaço aberto (tipo:”se não concorda com qualquer dos nomes sugeridos, tem alguma proposta? Qual”)

Quanto a este segundo aspecto (denominação) venho colocando reflexões e propostas – para reflexão, discussão e conscientização. FAZ ANOS...
Resumidamente (há alguns textos já não tão inéditos...) foram os seguintes, com respectivas sumárias recorrências:

1. SERTÃO – não só pela referência ao “interior”... ao que “não é litoral”...; também pelo primeiro livro de História do Brasil, registrada nos espaços ao sul deste atual MA, por Carlota Carvalho, trabalhadamente reeditada, com notas várias, por João Renôr de Carvalho e Adalberto Franklin. Trabalho que – como outros quase coetâneos e mais outros, mais recentes – registra como de deu a ocupação territorial por aqui, de Passtos Bons ao Manoel Alves lá no cone sul; por “entradas e bandeiras”, do Nordeste Oriental e do Centro-Sul brasileiros para cá, pelos “caminhos do gado” e dos tropeiros e parceiros...; e não “do litoral para dentro dos matos”... pelos rios.
2. TIMBIRA – nação, dos primeiros povos, gentes... para não dizer “donos” (no caso, em donataria comum, comunitária) destas bandas, tocados, banidos e mortos pelos... “brancos”, religiosos, militares e “proprietários novos”
3. ENTRE RIOS (para não repetir, e seria pedantemente... “Mesopotâmia”...) – por uma referência geo-hidrográfica global – veja-se, a leste, o Parnaíba; a oeste, o Tocantins... – que emolduram este espaço sul.
4. CERRADO – porque, espacialmente, é o bioma mais presente nestes “caminhos do sul”, com suas variedades e transições já constatadas, mas não tão aprofundadas; uma delas, a de aqui estarem as nascentes de todos os rios “internos” do atual território do MA, nos altos do MIrador, da Negra, das Alpargatas... (Há anos, quando em uma das “cadeiras” do CONSEMA, propus – e ali foi adotado – batizar o grande quadrilátero que inclui tais nascentes como sendo o “Berço das Águas”... maranhenses. Parece ter-se perdido nas memórias esclerosadas...)
5. PORTAL – considerando a referência original de ser este “lado” – na verdade, o mais a centro-oeste do atual MA – como “O Portal da Amazônia”... Com a ressalva (pela observação ecológica, não bem “ambientalista”...) de que, embora nome sonante (?) o que se diz(ia) “Pré-Amazônia” já tem sido praticamente todo devastado... restando manchas de resiliência, substancialmente modificadas as características originárias; e, também, que, mesmo se não o fôra, considerado o conjunto do espaço que se pretende seja desmembrado, dá-se que ele é mais marcado pelo bioma CERRADO(s), como recorrido acima.

Para encerrar – e dá para entender (ou não?) pelas opções possíveis, acima apenas resumidas – ficar querendo induzir apenas um possível nome, e exatamente considerando o que assim vem sendo, “Maranhão do Sul”..., vem a ser expressão (mesmo que não seja consciente...) de remanescente dependência de dominação e exploração históricas; exatamente daquilo que, também historicamente, se anuncia pretender libertar. Isto não é sadio...
Gostar disso assim... pode ser expressão de masoquismo...

VAMOS PENSAR, HONESTA E CRITICAMENTE, ANTES DE DECIDIR.
E, com mais RESPONSABILIDADE SOCIAL, não demos curso a um (“novo”; isto é, novamente...) processo de dominação e tutela... da maior parte da população envolvida, por uma minoria de (agora...) “novos” iluminados.


Até a realização do plebiscito, há que programar MUITAS e VARIADAS atividades e oportunidades para estudo e debate – isto é, com INTENSA E VARIADA PARTICIPAÇÃO – desde as veiculações pela mídia massiva (que não pode NEM DEVE ser tipo o monocórdio “sulmaranhãosista” do único clip até agora produzido, que está de volta às telinhas...)... até encontros menores, em associações de bairro, escolas, clubes de serviço, de esporte, de igrejas. Tudo sempre no plural ecumênico.



A despeito da fertilidade criativa do José Geraldo a serviço do novo estado e seu bendito nome,
tenho sérias razões para ficar com o nome já consagrado MARANHÃO DO SUL. Sobre ele falarei oportunamente em nova postagem.

Jurivê sobre isso se expressou assim:

----------Agostinho, li tudo, de todos, nessa caudal de idéias. Igualmente, continuo entendendo que o importante, no momento, é a luta da informação, que a contra-informação está ganhando corpo, no Maranhão de lá e também nos outros estados. Entendo que discutir qual a cidade escolhida para capital é coisa para o segunto tempo desse jogo; o importante é que venha o desmembramento. Sobre a questão do nome da sonhada nova unidade federativa, a mim agora ela me parece extemporânea, mesmo porque não é o nome que fará o estado. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, não é isso que ajuda, nem atrapalha.
Como vê, se entrarmos por esse caminho jamais chegaremos ao âmago da proposta sonho regional.

3 comentários:

Mauro Noleto disse...

Pai, parabéns pela data e pelo momento que parece ser muito bom. Este blog foi meu presente este ano, achei que o senhor fosse gostar. Tenho muitas impressões sobre essa arte de blogar, escrever diários e dialogar.

Seu filho.

Mauro Noleto disse...

Caro José Geraldo, seu manifesto deve ser valorizado, embora não concorde com a oportunidade, pois ânimos acirrados contra a criação do Estado nós já temos. Mas penso que melhor seria pôr em evidência, como patrimônio nacional, e cientificamente, o bioma cerrado sulmaranhense, alertar para as questões etnográficas e antropológicas, laudos, registros, prova da necessidade de preservar culturas.

Eu acho mesmo que a presença do Estado nessa região toda, no sul, no centro e no norte, seria capaz de acrescentar um investimento civilizatório notável.

Mas essa é uma causa muito pouco compreendida e ainda assim mal, com o ranço daqueles que desprezam as oligarquias mas não querem se misturar, descer ao nível do povo, perguntar se esse povo não gostaria de melhorar com os investimentos públicos que deverão ser feitos assim que o Estado for lei.

Esse estado precisa de justiça, mas carece de lei também. Não pode continuar hobbesianamente privado de mediação pública e transparente, fiscalizada e regular, dos interesses de seu povo.

A impressão que tenho da cidade é de que tem havido muita negligência na preservação, na conservação. A cidade cresce agora de novo, mas terá Plano Diretor? Como resolve seus problemas urbanos? E a questão ambiental, o lixo nas ruas? Pra onde vai? O esgosto? E se isso é deficiente em Imperatriz, e o restante do Estado?

O sonho do novo Estado é legítimo. Trata-se do Contrato Social de toda uma região fronteiriça, de passagem, transitiva, que precisa de identidade institucional e convivência civil decente.

Boa sorte, cavalheiros.

Agostinho Noleto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.